domingo, abril 10

   Era um dia como outro qualquer. Nada de sol brilhando inspiração, nem brisas exalando mudanças. Para ser mais exato, esse dia causava o efeito contrario. Cinza, cheirando a asfalto molhado e bitucas de cigarro. Um dia como os outros.
   Ele estava acostumado a seguir sua rotina, levantava cedo, pegava o ónibus da linha 071, que faz a rota centro-litoral. Levava cerca de quarenta e cinco minutos até seu trabalho. Paisagens comuns, os passageiros também. Sempre acompanhado de um colega de trabalho, sem muitas conversas.
   Mas nesse dia tão típico, ele não chegou ao trabalho.
   Sem dramas, o dia começou como de costume. Levantou meio atrasado, tomou café na padaria próxima de sua casa, correu até o ponto de ónibus, chegou a tempo. Ónibus cheio, mas seu colega havia segurando um lugar para ele - brincando, disse que retribuiria o favor, o almoço seria por sua conta. E voltou-se para a janela, respondendo as perguntas sem dar atenção. Mais a frente, seu colega lhe alertou sobre o ponto em que eles desciam, sem êxito, o homem permaneceu olhando para a pista molhada, não se importando com os avisos do outro. Nesse dia ele não iria ao labor, algo lhe convidava a continuar ali, imovél.
   Assim seguiu até o último ponto daquela rota, uma praia. Desperto de seu transe pelo cobrador, desceu do transporte e seguiu até o calçadão. Afrouxou o nó da gravata, tirou o sapato e as meias, jogou o paletó no ombro direito e pisou com o pé direito na areia. Nada de especial nesse dia, o sol pouco mostrava-se, o ar sem odor de lindas rosas. Mas hoje ele não foi trabalhar, não num dia que simplesmente poderia ver o mar.

3 comentários:

Anônimo disse...

pronfundo, :D' as pessoas deveriam fazer mais isso.

Little Ann disse...

- Imagino o quanto isso deve ser bom, fugir da rotina . :)

clarissa. disse...

Isso não faz parte da humanidade. Infelizmente... Bonito lembrete.

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